A história do filme Projeto Flórida se passa num verão, em Orlando, na Flórida, EUA. Magic Castle é um dos muitos hotéis nas redondezas da Disney, onde famílias acabam tendo que morar para poder trabalhar por ali. Dessa forma, eles não se comportam mais como meros hóspedes. E, neste contexto, conhecemos uma menininha agitada de 6 anos que vive rodeada de trapaças e aventuras.
A direção (além do roteiro e da montagem) é de Sam Baker, diretor de Tangerine, um filme que, curiosamente, foi filmado todo com câmeras de celular.
Projeto Flórida
O longa abre com a música “Celebration” do grupo Kool & The Gang e, com isso, promete, no mínimo, alguns sorrisos. Boa parte das cenas foi filmada na altura dos olhos de uma criança, afinal, nós, como espectadores, podemos nos identificar tanto com os personagens infantis quanto com os adultos, certo?
Certamente eu escolheria ser uma criança eterna. Mas, no caso de Projeto Flórida, eu acabei me apegando na chatice de uma pessoa adulta. Se eu morasse no mesmo prédio que aqueles pestinhas, iria enlouquecer.
Logo no começo vemos Moonee (Brooklynn Prince) e seu amigo Scooty (Christopher Rivera) se divertindo cuspindo em carros. Sério, eu ficaria muito brava se fosse comigo. A dona do carro certamente ficou nervosa, mas foi uma ótima oportunidade para Moonee fazer amizade com Jancey (Valeria Cotto). E seguimos conhecendo a vida dessa garotinha sapeca que vive com sua jovem e super boca-suja mamãe.
Além de não medir seu linguajar na frente das crianças, a mãe, Halley (Bria Vinaite), está sempre zerada, fazendo falcatruas e pedindo ajuda aos amigos para pagar o aluguel de seu quarto. Ela conta então com a paciência do gerente do Hotel Magic Castle, Bobby, o veterano Willem Dafoe, que concorreu ao Oscar de melhor ator coadjuvante por esse papel, ao lado de nomes pesados como Christopher Plummer (em Todo o Dinheiro do Mundo) e Sam Rockwell (em Três Anúncios para Um Crime), o vencedor do ano.
Um casting diferente
O diretor Sean Baker encontrou Bria Vinaite para o papel da mãe no Instagram. Com poucos recursos, a única indicação do filme ao Oscar foi a de Dafoe, deixando até a ótima Brooklyn Prince de fora da premiação. Como parte de sua preparação, Willem Dafoe passou uma semana vivendo na área de filmagem antes da produção para poder mergulhar na vida dos personagens e dominar as nuances do dialeto da região.
Em uma entrevista de rádio da BBC, o diretor esclareceu que as locações de hotel do filme são genuínas. Ou seja, o hotel continuou operando durante a filmagem, e alguns moradores e funcionários da vida real podem ser vistos no filme.
Podemos dizer que, para as crianças, as férias de verão serão sempre uma alegria. Se repararmos, as cores dos hotéis e estabelecimentos são fortes e vivas, como se fossem brinquedos. Desse modo, cada local que as crianças visitam se torna uma mágica atração. Mesmo que não passe de um supermercado ou um quiosque de sorvetes. As histórias de vida ali são difíceis, principalmente no quesito monetário, mas o filme é sensível e verdadeiro nos permitindo rir e chorar.