Belas Artes À La Carte apresenta:
Festival “Volta ao Mundo: Espanha”, de 03 a 16 de junho
Em parceria com o Escritório Cultural da Embaixada da Espanha no Brasil, que há mais de 10 anos apoia iniciativas culturais no país, chega ao Belas Artes À La Carte o Festival “Volta ao Mundo: Espanha”, de 3 a 16 de junho, com 12 filmes que vão desde grandes clássicos a cults modernos e inéditos nos cinemas brasileiros, além de premiadas coproduções com outros países, como Argentina, França e Itália.
A Espanha, que certamente é dona de uma das mais ricas cinematografias do mundo, com grandes diretores, atores e atrizes, há décadas encanta plateias internacionalmente, desde o boom da sua produção, nos anos 1950.
Dessa forma, para representar parte desta magnífica trajetória, o festival reuniu uma dúzia de obras-primas, anunciadas aqui em ordem cronológica.
“Bem-vindo Senhor Marshall” (1953), de Luis García Berlanga
Eleito o quinto melhor filme espanhol por profissionais do cinema e pela crítica especializada, em 1996, no centenário do cinema espanhol. O filme foi apresentado no Festival de Cannes 1953, de onde saiu consagrado com o Prêmio Internacional (de melhor comédia) e Menção Especial para o roteiro coescrito pelo diretor Luis García Berlanga, com Juan Antonio Bardem e Miguel Mihura. Para promover o filme em Cannes, a produtora teve a sensacional ideia de distribuir notas de 1 dólar com as imagens dos atores protagonistas José Isbert e Lolita Sevilla no lugar de George Washington.
Sinopse: No pequeno vilarejo de Villar del Rio, Espanha, chega a notícia de que autoridades americanas que irão oferecer ajuda financeira para várias cidades estão chegando na região. Assim, para recebê-los e impressioná-los, o prefeito decide que todos os moradores e a cidade devem se “fantasiar” no estilo andaluz.
“Viridiana” (1961), de Luis Buñuel
Grande vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, acabou sendo amplamente proibido na Espanha, sob a acusação de blasfêmia, um escândalo que só contribuiu para aumentar a fama internacional do filme e do diretor Luis Buñuel. Na ocasião de seu lançamento nos Estados Unidos, entre as frases de imprensa destacadas no trailer, uma delas, creditada ao N. Y. News, assim dizia: “Uma orgia que faz a orgia de ‘A Doce Vida’ parecer um piquenique de família”.
Sinopse: Primeiramente, a noviça Viridiana faz uma visita ao seu tio moribundo, atendendo a um pedido do próprio. O pervertido homem, obcecado pela beleza da jovem, tenta seduzi-la de todas as formas. Ele morre e então Viridiana decide não mais voltar ao convento. Em contrapartida transforma a antiga casa do tio num abrigo para necessitados e moradores de rua.
“O Espírito da Colmeia” (1973), de Víctor Erice
Sua filmagem teve exatamente 1000 tomadas no total, sendo que exatamente 500 delas entraram para a montagem final. Segundo o diretor Víctor Erice, a atriz Ana Torrent, que tinha 6 anos na época da filmagem, acreditava que Frankenstein existia de verdade, e a primeira vez que viu o ator maquiado para interpretar o monstro, ficou completamente apavorada e depois perguntou por que ele havia matado a garotinha (no filme “Frankenstein”, de 1931), mas o ator não sabia o que responder.
Sinopse: As duas pequenas irmãs Ana e Isabel moram em terras rurais da Espanha, na década de 1940. Após assistirem ao filme Frankenstein (1931) ficam obcecadas pelo estranho personagem e, então, tentam encontrá-lo.
“Cría Cuervos” (1976), de Carlos Saura
Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. Para o título original do filme, o diretor Carlos Saura se inspirou num ditado espanhol que diz “crie corvos e eles arrancarão seus olhos”, que no Brasil seria equivalente a “você colhe o que você planta”. A canção “Porque te vas”, na voz da cantora Jeanette, tocada em uma vitrola de vinil numa cena antológica do filme, se tornou hit internacional.
Sinopse: Ana é uma mulher de tristes lembranças. Duas décadas antes, quando tinha nove anos, ela acreditava ter em suas mãos um misterioso poder sobre a vida e a morte de seus familiares. Assim teria causado a morte inesperada do pai, o militar franquista Anselmo, logo após o doloroso martírio da mãe.
“Vacas” (1992), de Julio Medem
Primeiro longa-metragem de Julio Medem, realizador dos aclamadíssimos “Os Amantes do Círculo Polar” (1998) e “Lúcia e o Sexo” (2001). Com este filme Medem ganhou o Prêmio Goya, o mais importante do cinema espanhol, na categoria de Melhor Diretor Estreante. “Vacas” tem como protagonista Emma Suéres, atriz que deu vida à personagem Julieta no filme homônimo de Pedro Almodóvar, e conta ainda com participação de Ana Torrent, atriz que encantou a todos quando criança pela sua expressiva atuação nos clássicos “O Espírito da Colmeia” e “Cría Cuervos”.
Sinopse: Duas famílias bascas, os Iriguibel e os Mendiluze, vivem uma relação de conflito e paixão que atravessa gerações. Tudo começa em 1875, quando Manuel Iriguibel luta contra os liberais ao lado de Carmelo Mendiluze. Carmelo então morre em combate e, para não ser assassinado, Manuel passa o sangue de Carmelo em seu rosto e finge estar morto. Entretanto, apenas uma vaca presencia a cena. Tal fato atormenta Manuel e afeta sua família ao longo de três gerações, em episódios que são pontuados pelo olhar da vaca e se desenvolvem num clima mágico, dramático e de permanente tensão.
“A Língua das Mariposas” (1999), de José Luis Cuerda
Seu roteiro foi baseado em três contos de Manuel Rivas, “La Lengua de las Mariposas”, “Carmiña” e “Un Saxo na Néboa”. O diretor José Luis Cuerda (1947–2020) foi produtor de vários filmes de sucesso, entre eles “Morte ao Vivo” e “Os Outros“, ambos dirigidos por seu amigo Alejandro Amenábar, que é também compositor e assinou a trilha musical de “A Língua das Mariposas”.
Sinopse: A relação de um menino com seu professor é alterada pelo início da guerra civil espanhola. Para o pequeno Poncho (Manuel Lozano), a vida está apenas começando. Ele entrou na escola, caiu nas graças do professor dom Gregório (Fernando F. Gomes), fez amizade com Roque (Tamar Novas), e, melhor ainda, poderá excursionar com a banda de seu irmão mais velho, um saxofonista. Mas nem tudo são flores. O pai do garoto e seu querido professor se envolvem na Guerra Civil Espanhola, transformando em tristeza a alegria do menino.
“Joana, a Louca” (2001), de Vicente Aranda
Coprodução espanhola com Itália, França e Portugal, vencedora de três prêmios Goya, o mais importante do cinema espanhol, nas categorias de Melhor Atriz (Pilar López de Ayala), Melhor Figurino e Melhor Maquiagem e Penteados. Com produção estimada em quase 5 milhões de euros, o filme representou a Espanha no Oscar 2002 de Melhor Filme Estrangeiro. Este filme permaneceu inédito nos cinemas brasileiros, apesar do diretor Vicente Aranda ter se tornado bastante famoso por aqui, principalmente pelo tórrido “Os Amantes” (1991), estrelado por Victoria Abril, que lotava salas na época da estreia.
Sinopse: Baseado na história real de Joana, triste vida da espanhola Joana I (Toledo, 1479–1555), também conhecida como “Joana, a Louca”. Ela foi a Rainha de Castela e Leão de 1504 até sua morte e também Rainha de Aragão a partir de 1516. A nobre espanhola do século 16 se torna rainha graças a um casamento arranjado, mas que enlouquece por ciúmes do rei Felipe, o incorrigível marido mulherengo, até ser destronada e encarcerada.
“Pelos Meus Olhos” (2003), de Icíar Bollaín
Baseado no curta-metragem “Amores que Matan” (2000), da mesma diretora, Icíar Bollaín, o longa manteve Luis Tosar em seu papel, enquanto Elisabeth Gelabert fez um papel menor, como amiga da nova atriz principal, Laia Marull. O filme ganhou o prêmio Goya de Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Direção, Melhor Ator (Luis Tosar), Melhor Atriz (Laia Marull), Melhor Atriz Coadjuvante (Candela Peña) e Melhor Som.
Sinopse: Pilar decide, em uma noite de inverno, fugir de casa. Ela leva consigo apenas alguns poucos pertences e o filho. Pilar sabe que seu marido, Antonio, irá procurá-la, o que a deixa apavorada.
“O Segredo dos Seus Olhos” (2009), de Juan José Campanella
Coprodução entre Espanha e Argentina, grande vencedor do Oscar 2010 de Melhor Filme Estrangeiro (para a Argentina). Esta foi a quarta e mais bem-sucedida parceria entre o astro Ricardo Darín e o diretor Juan José Campanela, ambos argentinos, após terem realizado juntos os belíssimos “O Mesmo Amor, A Mesma Chuva” (1999), “O Filho da Noiva” (2001) e “Clube da Lua” (2004).
Sinopse: Após trabalhar a vida toda num Tribunal Penal, Benjamín Espósito se aposenta. Seu tempo livre o permite realizar um sonho longamente postergado: escrever um romance baseado num acontecimento que vivera anos antes. Em 1974, foi encarregado de investigar um violento assassinato. A Argentina entrava num ciclo de extrema violência política e a investigação colocou em risco sua vida. Ao escavar velhos traumas, Benjamín confronta o intenso romance que teve com sua antiga chefe, assim como decisões e equívocos passados. Com o tempo, as memórias terminam por transformar novamente sua vida.
“Viver é Fácil com os Olhos Fechados” (2013), de David Trueba
Longa escolhido para representar a Espanha no Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro. O filme foi vencedor de 6 prêmios Goya: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Ator (Javier Cámara), Melhor Atriz Revelação (Natalia de Molina) e Melhor Música Original (Pat Metheny). O diretor e roteirista David Trueba é autor do premiado roteiro de “Os piores Anos de Nossas Vidas” (1994), uma comédia de grande sucesso internacional, lançada em amplo circuito nos cinemas brasileiros.
Sinopse: Nos anos 1960, Antonio é um professor de Inglês fã dos Beatles cujo sonho é conhecer o ídolo John Lennon. Portanto, para isso, ele parte em uma viagem. No caminho, conhece dois jovens com quem troca experiências que vão mudar sua vida.
“Maria (e os outros)” (2016), de Nely Reguera
Inédito nos cinemas brasileiros e indicado ao prêmio Goya nas categorias de Melhor Direção e Melhor Atriz (Bárbara Lenine), este é o primeiro longa da diretora Nely Reguera, que foi assistente de direção de “Perfume: A História de um Assassino“, de Tom Tykwer, adaptado do best-seller de Patrick Süskind. A atriz espanhola Bárbara Lennie, que interpreta o papel-título, também foi protagonista de “Uma Espécie de Família” (2017), filme com coprodução brasileira.
Sinopse: María é uma mulher de 35 anos que se sente fora de si mesma e sua vida não coincide com a sua idade, mas em vez de tentar mudar esta situação, decide fugir e inventar desculpas. Os medos conseguem dominá-la e, portanto, não avança na vida e permanece estagnada.
“Saura(s)” (2017), de Félix Viscarret
Indicado ao prêmio Goya na categoria de Melhor Documentário, este filme permanece inédito nos cinemas brasileiros. O diretor Felix Viscarret presta uma belíssima homenagem a Carlos Saura, que sempre será lembrado como um dos maiores cineastas espanhóis de todos os tempos, afinal, é autor de obras-primas como “Cría Cuervos” (1976), “Bodas de Sangue” (1981) e “Carmen” (1983), premiado no Festival de Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Sinopse: O filme é o lindo resultado de um esforço do diretor Félix Viscarret em fazer um retrato íntimo do lendário cineasta espanhol Carlos Saura. Entretanto, o próprio Saura – que não gosta de falar de seu passado –, deixa as mais preciosas revelações por conta dos seus sete filhos.
O Belas Artes À La Carte é um streaming de filmes pensado para quem ama cinema de verdade. Seu catálogo já conta com mais de 400 títulos e inclui filmes de todos os cantos do mundo e de todas as épocas. São contemporâneos, clássicos, cults, obras de grandes diretores, super premiados e principalmente aqueles que merecem ser revistos e que certamente tocam o coração dos cinéfilos.