O Bom Doutor – Comédia francesa de 2019

A comédia francesa O Bom Doutor tem como protagonista um tipo bem peculiar, o médico Serge Mamou-Mani, interpretado por Michel Blanc (Estressadíssimo), um sujeito ranzinza, cansado do seu trabalho, que não encara a medicina mais como uma vocação, mas como um fardo.

Entretanto, na noite de Natal tudo pode mudar quando sua vida cruza com um entregador do Uber Eats, interpretado pelo comediante Hakim Jemili, que assume o seu lugar no trato com os pacientes. O longa, dirigido por Tristan Séguéla (16 anos… Ou Quase), estreia nos cinemas no dia 09 de setembro.

O Bom Doutor

O Bom Doutor

É véspera de Natal em Paris e o Dr. Serge é o único médico de plantão naquela noite. Com as costas travadas e tomando tragos de uísque o tempo inteiro, Serge está certamente tão mal quanto os pacientes que ele atende em domicílio.

As chamadas de emergência não param, até que o carro de Serge cruza com a bicicleta de Malek, um simpático entregador de comida. O encontro acidental faz com que o médico tenha uma ideia salvadora: enviar o jovem em seu lugar para atender os pacientes. Para nada dar errado, basta Malek seguir à risca as instruções que recebe remotamente de Serge. Parece fácil e se o áudio não falhar, todos terão um Feliz Natal.

O Bom Doutor

Doutor?

O diretor conta que a inspiração para o filme partiu de algumas experiências pessoais – mesmo ele não sendo médico. “Meu avô-materno era médico e, com o tempo, havia perdido o gosto pela profissão. Quando criança, eu não entendia como alguém com superpoderes de cura podia ficar triste ou de mauhumor.” O corroteirista Jim Birmant o procurou e sugeriu um suspense sobre um médico que seria substituído em breve, mas o cineasta teve outra ideia: “e se fizéssemos uma comédia?

Daí nasceu O Bom Doutor, essa comédia sobre um médico cansado de seu trabalho, sem a menor empatia pelos pacientes, mas que precisa contar com a ajuda de um desconhecido para realizá-lo. Malek, o entregador, é o oposto de Serge, repleto de energia, boa vontade e otimismo, e ele aceita substituí-lo nas consultas, depois que Serge trava as costas e tem dificuldade para andar.

O Bom Doutor

Uma comédia leve

Michel Blanc destaca que o roteiro foge do óbvio. “Não estamos numa comédia de estripulias, na qual dois caras bem diferentes irão gritar um com o outro o tempo todo para fazer as pessoas rirem.” Ele define Serge como um homem sem expectativas a quem só lhe resta “beber, fumar e voltar para casa para dormir.” Na trama, o médico é obrigado a aceitar o plantão na noite de Natal, quando nenhum colega aceitou trabalhar, pois do contrário, será demitido. E o que ele faz é realmente ir de paciente em paciente, bebendo enquanto dirige e fumando um cigarro atrás do outro. Belo exemplo de médico, não?

Entre um atendimento e outro, Serge trava as costas e, com dificuldade para se locomover, conta com a ajuda de Malek. Ele o substitui fingindo ser médico, atendendo as emergências e sendo guiado por Serge via celular. Hakim Jemili, que estreia no cinema nesse papel, confessa que o humanismo do filme foi o que mais lhe atraiu. “Há humor, mas também há algo de sentimental no encontro desses dois homens. E é a primeira vez que posso mostrar, num trabalho, outros lados do Hakim, que as pessoas conhecem da televisão e internet.”

O Bom Doutor

Risadas e críticas

O diretor explica que sabia que não tinha em mãos uma tarefa fácil: “uma comédia deve fazer, antes de mais nada, as pessoas rirem, e existem temas mais leves para divertir o público, mas sempre tive uma queda por comédias que não têm medo de abordar assuntos mais sérios, que se atrevem a fazer rir mesmo com certa angústia.

Além de ter a medicina como mote, o longa aborda questões como a “uberização”, esse processo de transformação do trabalho, onde os trabalhadores fazem uso de bens privados — como um carro (no caso do filme, Malik aluga bicicletas para poder realizar suas entregas) — para oferecer serviços por meio de uma plataforma digital. Também chamada de “economia de compartilhamento”, essa modalidade de trabalho é pautada pelo trabalho por demanda.

Além disso, também é possível notar como trabalhar com pessoas não é uma coisa fácil, pois infelizmente ainda existe um grande preconceito contra os trabalhadores de aplicativo. A figura preconceituosa, nesse caso, passa por três experiências com serviços por demanda, sempre apresentando comportamento arrogante, chegando a dar raiva. Mas o filme é divertido, pode assistir. =)

Veri Luna

Formada em Pedagogia e Audiovisual, gosta mesmo é de revisar os textos, assistir bons filmes, brincar com os bichinhos, dançar e fazer umas artes de vez em quando.

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