Pachnerd

Christine, o livro de 1983 de Stephen King

A trama de Christine se passa nos Estados Unidos, no subúrbio de Pittsburgh, entre o verão de 1978 e a primavera de 1979. Ou seja, em poucos meses testemunhamos a transformação de um garoto nada popular e espinhento em um arrogante rapaz obcecado por seu carro e que conquista a garota mais bela da escola.

Para início de conversa, Stephen King fez algo que eu acho que eu faria se fosse escrever um livro: começar cada capítulo com o trecho de uma música! Pode parecer meio bobo, mas acho muito divertido pesquisar músicas e, no caso desse romance, as canções citadas em sua maioria são da década de 1950. Essa é a época em que Christine, o carro, foi montado. O livro contém também algumas canções das décadas de 1960 e 1970, época em que acontece a narrativa.

Christine – O carro assassino

A história é contada em três partes. A primeira é narrada por Dennis e se chama DENNIS – CANÇÕES SOBRE CARROS PARA ADOLESCENTES. Começa com “Somethin’ Else” de Eddie Cochran. Ele conta sobre sua amizade de infância com Arnie. E ficamos sabendo como são suas famílias e como se comportam.

É nessa parte também que Arnie vê Christine pela primeira vez e fica obcecado pelo automóvel. Porém, a máquina já tem 20 anos de idade e está totalmente destroçada. Arnie, literalmente, se apaixona pelo carro mesmo assim e o compra de seu antigo dono, um senhor boca suja chamado LeBay, que logo em seguida morre subitamente.

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Arnie, no filme de John Carpenter

Uma leitura bem musical

Para deixar a leitura ainda mais interessante, eu achei uma playlist no Spotify com as músicas citadas no livro! Tem no YouTube também! Muito legal! Além de Eddie Cochran, você ouvirá muitas canções dos Beach Boys, Chuck Berry, Beatles, e Bruce Springsteen.

Assim como os leitores ouvindo as músicas, os personagens do livro também fazem verdadeiras viagens no tempo quando estão dentro do carro. Um tanto assustador para uns, porém revigorante para Arnie. O perdedor que apanhava no colégio desenvolve mais autoconfiança e segurança enquanto restaura seu novo (antigo) carro em uma garagem estilo Faça-Você-Mesmo.

Desconfiado com as mudanças em seu amigo, Dennis começa a investigar o passado de Christine e de seu antigo dono, o velho LeBay. Consequentemente, ele acaba descobrindo coisas aterrorizantes que o fazem perceber que seu querido amigo pode estar em grande perigo. Existe um histórico sombrio de mortes e violência ligado ao Plymouth.

O que há com Christine?

A segunda parte do livro se chama ARNIE – CANÇÕES DE AMOR PARA ADOLESCENTES e é contada por um narrador onisciente, já que Dennis sofreu um acidente num jogo de futebol e está preso no hospital todo engessado. Agora Arnie está namorando a garota mais bonita do colégio, Leigh.

Só que a moça não se sente nem um pouco à vontade quando está dentro do carro e acredita até que Christine tenha ciúmes dela e que seja capaz de matá-la. Claro que ela e Dennis vão se juntar para tentar tirar Arnie dessa enrascada que é seu Plymouth Fury 1958.

Mesmo com o nome “Canções de amor”, as músicas continuam mencionando carros, até porque para Leigh, carros são como garotas. E qual garoto nunca se apaixonou por uma caranga, né?

Mais bullying

Christine sofre um terrível ataque dos valentões da escola, que destroem tudo que conseguem. Incrivelmente, um dos rapazes faz cocô em cima do painel da bela dama de quatro rodas. Isso enfurece Arnie e enfurece também a própria Christine, que se restaura misteriosamente e busca por vingança. Ela não deixa barato e, então, espalha muito sangue pela cidade.

Leigh, apavorada por conta do carro, percebe as mudanças em Arnie, o que leva o casal a brigar feio e ela acaba então se aproximando de Dennis. Não é à toa que ouvimos muitos blues nessa parte…

O autor, o mestre Stephen King, posando com um Plymouth Fury

Mas não vou contar a história toda né…

Na terceira e última parte voltamos com a narração de Dennis. CHRISTINE – CANÇÕES DE MORTE PARA ADOLESCENTES. Só que aí eu contaria o fim da história e isso não tem graça, certo?

O livro foi publicado em 1983 e no mesmo ano foi lançado o filme de John Carpenter, Christine – O Carro Assassino. Eu acabei assistindo ao filme primeiro porque tinha na Netflix mas, logo depois, consegui ler o livro. Não tenho do que reclamar. Adaptação é ótima! Claro que tem suas diferenças com o livro, qual adaptação que não tem uma coisinha ou outra, né, mas a história ficou muito boa na tela e John Carpenter é outro mestre, assim como King.

Livro e filme utilizam músicas para contar sua história. No filme, as músicas são outras, mas a pegada é a mesma. A abertura do filme tocando “Bad to the bone” é sensacional! O rádio de Christine só sintoniza uma estação que toca constantemente Rock ‘n’ Roll, o que, para os amantes do gênero musical, torna a experiência de Christine muito mais divertida, tanto assistindo quanto lendo. Recomendo muito!

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