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Aranha – o representante chileno no Oscar

Conhecido pelo seu cinema altamente político, o chileno Andrés Wood (diretor de “Machuca” (2004) e “Violeta Foi Para o Céu” (2011)) aponta sua câmera, em Aranha, a um momento marcante da história do Chile, o começo da década de 1970, quando houve o golpe que tirou a esquerda do poder.

Representante do Chile no Oscar de 2020 e indicado ao Goya como Melhor Filme Ibero-americano, o longa tem ao centro um grupo real de extrema-direita que existiu no país, entre 1970 e 1973, chamado Patria y Liberdad, responsável por diversos atos terroristas, e que se tornou um dos principais apoiadores do Golpe de Estado de Augusto Pinochet. Nesse sentido, o diretor ressalta a atualidade do tema de seu longa, cujo roteiro é assinado por ele e Guillermo Calderón.

Começamos a escrever antes de Bolsonaro, antes de Trump, então, de alguma forma, esse nacionalismo que estava sendo respirado se desenvolveu. Eu acho que o filme também apela para aquela raiz ou fibra nacionalista que todos nós temos em algum lugar, e que, finalmente, quando você dá espaço, esses argumentos, às vezes, não parecem tão loucos, tão irracionais”, diz o diretor em entrevista ao jornal chileno El Dínamo.

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O triângulo amoroso anti comunista

Aranha

Ao centro da trama de Aranha estão três personagens em dois momentos de suas vidas: Inés (interpretada por Maria Valverde e Mercedes Moran), Gerardo (Pedro Fontaine e Marcelo Alonso) e Justo (Gabriel Urzúa e Felipe Armas) que, na juventude, pertenceram ao Patria y Liberdad. No meio do conflito com a esquerda, nos anos do governo de Salvador Allende, o trio acaba se envolvendo amorosamente enquanto participa da luta armada contra o presidente marxista. No entanto, um crime político cometido pelo grupo muda o destino do Chile e acaba separando o trio.

Quatro décadas mais tarde, quando Gerardo reaparece, Inés e Justo, agora casados, vivem uma vida burguesa repleta de luxo e dinheiro. Mas Gerardo ainda é obcecado pelas causas do passado e quer, não apenas vingança, mas também trazer o ultranacionalismo novamente à tona. Ao ser preso com um grande arsenal de armas e munição, Inés, agora uma poderosa empresária, fará de tudo para que o passado não destrua sua vida.

Mercedes Morán interpreta Inés anos depois

Seria difícil para qualquer cineasta chileno fazer filme depois dos anos 1970 sem tocar nos anos da ditadura no Chile e como ela continua a reverberar nos dias de hoje. O que foi plantado naquele período continua explicando muito do que é o país agora”, disse Woods em entrevista à Variety.

O filme, cujo título faz uma alusão ao símbolo do Patria y Liberdad, conta ainda, entre seus talentos, com o brasileiro Antonio Pinto (“Central do Brasil”) na trilha sonora e o chileno M.I. Littin-Menz (“Violeta foi para o céu”) na fotografia. Além da participação especial de Caio Blat.

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